Especialistas da UCPel analisam ameaças de violência em escolas
Comunicação efetiva entre setores da educação e segurança, e a não disseminação de informações falsas, podem ajudar a prevenir ações violentas
Os atos de violência ocorridos nos últimos dias em escolas brasileiras, assim como a disseminação de possíveis ataques a estes locais, têm gerado um questionamento coletivo: o que fazer? Para professores da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), especialistas em segurança pública e comportamento social, o momento exige reflexão e algumas iniciativas. Entre elas: a adoção de medidas de prevenção a partir da parceria efetiva entre setores da educação e segurança; a colaboração eficaz da sociedade em geral – em especial das famílias de estudantes; e, talvez o mais importante, a não disseminação de informações falsas via redes sociais.
Os fatos violentos já registrados e a ameaça de que podem voltar a se repetir – presente através de conteúdo divulgado e compartilhado via internet -, estão sendo considerados demandas de uma nova realidade cultural. O professor dos Programas de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento e Ciclo Vital da UCPel, psicólogo Luciano Dias de Mattos Souza, explica que o momento exige análise e compreensão das instituições envolvidas para que possam agir de forma correta. ”A disseminação da violência explicita rupturas importantes da organização social. Modificações abruptas de valores sociais tendem a corroborar com a desorganização das relações e com o enfraquecimento das instituições”, explica o docente, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.
Comunicação e confiança
Enquanto o cenário inusitado ainda requer análise, a construção de vínculos de confiança é apontada como uma possível alternativa para a retomada da estabilidade social e emocional, principalmente nos ambientes considerados alvos das ameaças: as escolas. Souza salienta que a comunicação destas ameaças deve ocorrer conforme as informações são validadas pelas instituições envolvidas – escolas e serviços de segurança pública e privada. Daí a importância da intensificação das políticas sociais antiviolência, assim como da comunicação eficaz e transparente entre as instituições de ensino e os órgãos de segurança. As famílias são agentes de capilarização da identificação de ameaças e também filtro para a não divulgação de notícias falsas. O professor da UCPel ainda enfatiza a necessidade de um destaque maior por parte da mídia e do Poder Público para a reflexão dos papéis sociais no momento atual.
Plano de Contingência
Na mesma linha do especialista em comportamento, o professor do curso de Tecnólogo em Segurança Pública, tenente-coronel da Brigada Militar, Márcio André Facin, ressalta a importância do diagnóstico dos motivos pelos quais as escolas têm sido alvo de violência, até como forma de evitar a continuidade destes registros.
Facin explica que, por ser um movimento social inédito, os órgãos de segurança pública estão utilizando metodologias já empregadas em outras circunstâncias semelhantes, como por exemplo a recomendação de que as escolas criem um Plano de Contingência. “A escola tem que começar a construir medidas preventivas para que o aluno saiba o que fazer em uma crise – seja ela um incêndio ou uma ação violenta. E o importante: essa comunicação com o aluno deve ser feita por especialistas em educação – pedagogos, psicólogos, pessoas que falem a linguagem do estudante”, afirma o docente da UCPel, que reitera a importância do trabalho integrado entre os órgãos de segurança e as instituições de educação.
Os contatos oficiais recomendados pelos órgãos de segurança, para denúncias ou comunicação de informações falsas, são os seguintes:
Guarda Municipal
153
(53) 99118-1942
Polícia Civil
197
(51) 98444-0606
Colaborou: Alessandra Senna
Foto: Leandro Lopes