UCPel promove atividade no Presídio Regional com apenados bolsistas
Em visita técnica docentes e acadêmicos puderam discutir sobre estudos e perspectivas do mercado de trabalho no futuro
Na última semana, professores da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) realizaram uma visita técnica e promoveram atividades com os apenados do Presídio Regional de Pelotas (PRP) que prestaram vestibular e receberam bolsas de estudos em cursos EAD da instituição.
As bolsas são fruto de um convênio entre a UCPel, a Secretária de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). O acordo prevê a colaboração e o intercâmbio de atividades de ensino, pesquisa e extensão e beneficiará ao todo 10 apenados que estão sob regimes mais brandos no PRP.
Atividades e adequações
Na visita, os docentes da UCPel tiveram a oportunidade de discutir sobre as disciplinas que estão sendo cursadas neste primeiro módulo e sobre a atual realidade do mercado de trabalho. “Falamos bastante sobre as habilidades técnicas e comportamentais que esses profissionais precisam ter e sobre como será essa retomada quando eles saírem de lá”, relata Luis Peixoto, docente e coordenador do curso de Gestão Pública.
Também foi possível avaliar algumas adequações que se mostraram necessárias para melhorar o atendimento a este público. Um exemplo foi a apresentação do projeto integrador elaborado pelos alunos. Uma atividade normalmente realizada nas dependências da universidade mas que, em razão do momento, se deu na sala de aula do próprio presídio.
Essa adaptação não será incorporada integralmente no projeto do convênio, segundo Patrícia Giusti, docente e diretora da educação a distância da UCPel, visto que já está sendo organizada a possibilidade dos bolsistas participarem presencialmente das atividades. “Faremos todo o processo conforme as autorizações e as questões de segurança que sejam necessárias”, afirma.
Alguns acordos também foram acertados diretamente com a instituição penitenciária para que exista uma autonomia no processo de aprendizado. “Os alunos têm, três vezes na semana, horário disponível para acessar a plataforma online e desenvolver as atividades dentro das trilhas de aprendizagem”, comenta Patrícia. Além disso, os bolsistas recebem material impresso — para ser utilizado nos momentos em que o conteúdo digital não pode ser acessado.
Mudança de perspectivas
A oportunidade do estudo tem gerado uma grande mudança de perspectiva entre todos os apenados. Carlos Henrique Peil, diretor do PRP, relata serem visíveis os efeitos que o convênio tem gerado em outros internos. “Há a esperança de, num futuro próximo, também serem selecionados para os cursos e gozarem dos mesmos benefícios que os estudantes têm recebido”, discorre.
O diretor do PRP também reforça que esta oportunidade facilita o futuro retorno ao convívio em sociedade. “A possibilidade de sair do sistema carcerário com uma formação gera maiores oportunidades de reinserção no mercado de trabalho”, declara. “Esta preparação e a formação são essenciais para que não aconteçam reincidências”, complementa Peixoto.
Há uma mudança inclusive no comportamento dos apenados. Existe um comprometimento com os estudos e muita dedicação — o que torna o desempenho deles bastante satisfatório, conforme esclarece Luis Peixoto, “mesmo dentro de toda a limitação, não deixam nada a desejar, demonstram um grande domínio do conteúdo estudado”.
A assistente social Gabriela Di Muro reforça que há um esforço coletivo dos agentes penitenciários para que a performance dos bolsistas se mantenha positiva. “Eles [os agentes], muitas vezes auxiliam, seja nas questões de acesso aos computadores ou através do incentivo — lendo os trabalhos, dando opiniões”, conclui.
Colaborou: Caroline Albaini