Projeto de extensão da UCPel trata sobre saúde da comunidade LGBTQIA+
O Projeto de Extensão ‘UBS de Todas as Cores’, do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), aborda questões de melhoria na inclusão, responsabilidade social e do direito do paciente da comunidade LGBTIQIA+ nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A iniciativa pretende promover pautas para a saúde desta comunidade que diariamente sofre ostracismo no tratamento de suas enfermidades de forma geral.
Coordenado pela professora Quelen Garlet, o projeto almeja atender a demanda dos pacientes independentemente das suas peculiaridades, a fim de tornar o ambiente da UBS mais acolhedor. Na avaliação da coordenadora, se as pessoas não estão utilizando o Sistema Único de Saúde (SUS) devido a esta exclusão, alguma coisa está errada. “Dentro do SUS, são todos cidadãos que têm direitos de serem tratados de acordo com cada peculiaridade”, afirma.
A proposta é seguir com a ideia inicial de detectar obstáculos no atendimento à população LGBTQIA+. Dentre as ações, estão a criação de “caixinhas de perguntas”, que serão distribuídas em UBS’s para identificar demandas, dúvidas, sugestões e relatos. Também será realizada uma capacitação para os profissionais de saúde apresentando a proposta do projeto, ensinando como se referir e como tratar pessoas da comunidade, propondo maneiras para os agentes de saúde se conectarem com aqueles pacientes.
Assuntos como saúde física e mental também serão abordados, explica a docente, incluindo saúde sexual. “A saúde do homem trans ou da mulher trans têm que ser tratada seriamente, independentemente de suas características e sem sofrer preconceitos dado a importância do exame preventivo Papanicolau em Homens Trans, por exemplo”.
De acordo com a docente, é preciso orientar essa população a buscar por esses exames e garantir que ela não sofrerá algum tipo de conflito diante ao gênero ou orientação sexual que se identificam. As ações do projeto de extensão podem ser acompanhadas pelo perfil do Instagram @ubsdetodasascores.
Além da professora Quelen, integram o projeto as docentes Carla Silva de Ávila e Nathalia Richter e bolsistas voluntários do curso de Medicina.
Capacitação dos agentes de saúde
Outra ação programada pelo grupo será uma capacitação destinada aos agentes de saúde. A atividade acontecerá na Unidade Básica de Saúde Bom Jesus nesta quarta-feira (21), a partir das 13h. Serão abordadas problemáticas e discussões a fim de promover e qualificar a conexão com o paciente LGBTQIA+.
Formulários on-line em escolas
O projeto ainda pretende expandir as ações às escolas de nível médio. “Quando aberto o espaço, as pessoas acabam trazendo problemas. Como grande parte já sofreu preconceito, é preciso ter cuidado de como se dirigir a elas para evitar a exclusão novamente”, diz a coordenadora do projeto.
Infecções sexualmente transmissíveis, saúde mental, dúvidas relacionadas à saúde e obtenção de dados sobre preconceitos serão alguns dos temas que estarão no formulário on-line. É pensado para alunos que sintam necessidade de apoio e que possam se sentir à vontade em compartilhar suas inseguranças de forma anônima.
Conheça mais o projeto
A problemática do atendimento da população LGBTQIA+ em ambientes de saúde foi identificada pelos próprios alunos do curso de Medicina, diante de um trabalho de atuação na sociedade previsto para ocorrer durante o segundo ano do curso. Para obtenção dos primeiros dados, foi disposta uma caixa de sugestões em cada UBS participante do trabalho, assim como folders e materiais informativos sobre saúde focados especificamente em pessoas transsexuais. Após a apresentação dos primeiros dados coletados, surgiu a intenção dos alunos de prosseguir com a ação através de atividades de extensão.
Colaborou: Lucia Ippolito